Nos últimos anos, mais especificamente a partir do ano 2000, foi possível perceber o surgimento de uma nova categoria de empresa, comumente denominada Startup. No artigo a seguir pontuamos alguns desafios inerentes às Startups e como a Governança Corporativa pode ser utilizada para otimização da empresa, tornando-a mais atrativa para fins de investimento.

Como podemos identificar uma startup?

Uma Startup se trata de uma empresa que se encontra em fase inicial de desenvolvimento, sendo caracterizada por muitos como uma proposta de negócio inovadora e com um grande potencial de crescimento no mercado. Não existem limitações de atuação para as Startups, podendo esse tipo de empresa ter atuação em qualquer área.

Normalmente, as Startups utilizam a tecnologia como premissa e destacam-se por três fatores principais: flexibilidade, inovação e escalabilidade do negócio. 

Tais características favoráveis ao atual cenário em que vivemos acarretam no crescimento exponencial do número de Startups. Aliado a isso, modelos de negócios inovadores acabam chamando a atenção de investidores interessados em aplicar o seu capital.

Assim, evidencia-se o nítido movimento dos investidores para o mercado de Startups, especialmente quando se trata de investimento de capital de risco. Em outras palavras, diante da inovação e do grande potencial de crescimento da empresa, as Startups tornaram-se uma interessante alternativa para os investidores com apetite ao risco.

Todavia, em que pese toda tecnologia e disruptividade envolvida no modelo de negócios, os sócios fundadores de determinada Startup geralmente não dão a devida importância para a estruturação jurídica e implementação da governança corporativa, o que, muitas vezes, causa receio aos investidores e pode acarretar em problemas no futuro.

A dinâmica e os desafios de uma empresa Startup.

A respeito da dinâmica de uma Startup, percebe-se que em sua grande maioria trata-se de modelos de negócio inovadores, acarretando na necessidade de uma versatilidade e adaptabilidade da empresa no mercado. Dito isso, o cenário de incerteza circunda a ideia e o projeto de empresa, sobretudo pela dificuldade de se provar sustentável ao longo do tempo.

Além disso, tem-se que os fundadores de uma Startup geralmente estão focados no crescimento da empresa, seja exercendo funções operacionais ou atuando na frente comercial e de prospecção de novos negócios. Nessa perspectiva, os sócios fundadores, especialmente muitas vezes não dão a devida atenção para a criação de uma governança corporativa efetiva, aliada à conformidade legal do empreendimento.

A ausência de uma governança corporativa em um empreendimento incipiente pode desenvolver diversos prejuízos à empresa, especialmente diante da inexistência de uma hierarquia organizacional, configurando um ambiente com conflitos de funções e dificuldade em apurar a responsabilidade dos colaboradores por eventuais atos ilícitos.

Ainda, temos a inexistência de uma cultura organizacional específica às necessidades da empresa, com a criação de conselhos e comitês destinados à tratativa de assuntos de diversas naturezas (ex. Comitê de Ética; Conselho Fiscal; Conselho de Administração). 

Aliado a tudo  isso,  junta-se a ausência de recursos próprios capazes de possibilitar a expansão do negócio, bem como a alta recente dos juros para a tomada de crédito junto a instituições financeiras. Nessa vertente, a profissionalização da empresa é vista com bons olhos pelos eventuais investidores, tornando a Startup cada vez mais atrativa para fins de alocação de capital de terceiros.

Todos os fatores supracitados ilustram os desafios inerentes às Startups, demonstrando o risco do empreendimento 

De que maneira são feitos investimentos em startups?

É de conhecimento geral que para a evolução de uma empresa são necessários recursos financeiros para tanto. Com as Startups, tal afirmação prevalece, ainda mais diante do modelo inovador de negócio.

Dito isso, em razão da corriqueira insuficiência de recursos financeiros por parte dos sócios fundadores, mostra-se fundamental para o crescimento do empreendimento os aportes de capital realizados por investidores. Em outras palavras, muito provavelmente a empresa vai precisar de recursos externos, em um determinado momento, para dar sequência ao projeto.

Assim, a fim de viabilizar seu crescimento exponencial, destinado ao fortalecimento da marca, expansão no mercado, realizando aquisições, a Startup busca o aporte de capital em troca de uma porcentagem acionária na empresa. Lado outro, os investidores que buscam ativos promissores e possuem apetite ao risco, tendem a adquirir fatias de empresas que apresentam um modelo de negócio interessante.

Geralmente, o primeiro passo é validar a ideia da empresa junto aos investidores e deixar claro o que está sendo ofertado. Após a Startup expor suas projeções, explicando ao investidor qual é o plano de evolução para cada etapa do negócio e mostrar como o dinheiro investido será utilizado, chega o momento de apresentar as projeções a curto e longo prazo.

Para tanto, existe um processo para o aporte de capital em Startups denominado rodadas de investimento, sendo que cada fase possui sua respectiva peculiaridade:

Inicialmente, surge a figura do Investidor-anjo, que pode ser definida como a pessoa que investe em projetos iniciantes que tenham alto potencial de crescimento. Trata-se, portanto, de um indivíduo que acredita na empresa em sua fase incipiente, aplicando o seu dinheiro em troca de uma participação minoritária na empresa (equity).

A figura do Investidor-anjo, além de proporcionar o investimento financeiro, geralmente é vista como um mentor para a empresa, fornecendo conselhos e conectando os sócios fundadores com sua rede de relacionamentos.

Cumpre esclarecer que, à medida que a Startup for crescendo, novas rodadas de investimento são realizadas, sendo que as peculiaridades de cada fase se modificam conforme o desenvolvimento e as necessidades da empresa.

Dessa forma,  a rodada Pré-Seed é focada em captar recursos para os primeiros momentos de vida da Startup, a fim de testar o seu posicionamento no mercado e direcionar recursos financeiros para a sua melhoria. Ato contínuo, no momento da rodada Seed (Capital Semente) a Startup geralmente já tem a validação do produto, estando em um estágio de maturidade do negócio mais avançado.

Após, temos a realização de rodadas Series A, B, C, D e E, as quais vão ocorrendo progressivamente em conjunto com o crescimento da Startup, visando a conquista de mercado, aquisição de novas empresas e expansão de colaboradores por parte da empresa.

Por fim, em que pese o senso comum no sentido de que a Startup necessita de uma profissionalização em sua Governança somente nas rodadas posteriores de investimento, cumpre esclarecer que a estruturação jurídica da empresa desde sua origem é primordial para criação de um modelo de negócios harmônico, com foco no alinhamento de expectativas entre sócios e investidores desde o começo do processo.

Afinal, qual a importância da governança corporativa para a atração de investidores? – Estratégias e aplicabilidade da GC em startups.

O processo de implementação da Governança Corporativa inicia-se com o diagnóstico do empreendimento, realizando uma análise de riscos específica levando em consideração todas particularidades da Startup. 

Em posse dos dados levantados, com especial destaque para a realização de diligências no âmbito empresarial (Due Diligences), será desenvolvida uma Matriz de Riscos refletindo a realidade da empresa e apontando os aspectos sensíveis a serem melhorados. Nesta etapa, os riscos são detectados e gerenciados.

Nessa sequência, busca-se a definição de uma estrutura organizacional adequada, bem como de uma cultura de trabalho pautada na ética e no respeito às diretrizes legais, como por exemplo o combate à corrupção, com foco específico na implementação do Compliance.

Dessa forma, a Startup irá adequar-se à legislação e às formalidades inerentes ao seu modelo de negócios (fiscal, trabalhista, penal, etc.), mitigando, ao máximo, a possibilidade de estar envolvida em qualquer ilícito nas esferas cível, administrativa e penal, inclusive buscando certificações para aumento da sua credibilidade perante o mercado.

Ainda, na hipótese em que haja a prática de condutas prejudiciais à sua imagem por parte dos colaboradores, o sistema de Compliance visa a apuração do episódio com o intuito de realizar a devida responsabilização do colaborador envolvido. Para tanto, podemos mencionar a implantação de mecanismos de apuração, como canais de denúncia/conformidade, bem como a criação de órgãos internos responsáveis para essa finalidade (ex. Comitê de Ética).

Não bastasse, além de todos os benefícios trazidos no âmbito interno da empresa, podemos afirmar que a profissionalização da empresa é de suma importância para o aumento da credibilidade do empreendimento perante o mercado e os seus respectivos investidores. 

Nesse sentido, o implemento da Governança Corporativa visa tornar a empresa reconhecida no mercado e competitiva perante os seus pares, especialmente em decorrência do ambiente de trabalho saudável instituído na companhia. Imperioso esclarecer acerca da função social da empresa, devendo esta prezar pela boa saúde mental e física do colaborador, preocupando-se com o sentimento de valorização e de qualidade de vida do mesmo, por meio de um ambiente inclusivo e justo.

Ainda, destaca-se que o fortalecimento da marca e a fidelização dos stakeholders são fatores intrínsecos à criação de uma Governança Corporativa eficaz.

Por todo exposto, a atração de investimentos para a Startup fica evidente à medida que os investidores avaliam que a empresa consegue se sustentar em tempos de crises sociais e ambientais. Muitos investidores consideram que a implementação de uma Governança Corporativa, aliada ao sistema de integridade e Compliance, tornam as empresas perenes, acarretando em um comportamento corporativo benéfico à empresa.

O progressivo fluxo de capital para empresas que estejam alinhadas a essas diretrizes é notável, diante da busca, por parte dos investidores, por empresas cujos processos caminham para a conformidade com exigências legais. Lado outro, tem-se a desconfiança, por parte dos investidores, em empresas que não possuem a profissionalização esperada e capazes de resguardar, ao máximo, o valor investido.

Como começar a estruturar um processo de Governança Corporativa na sua empresa

A contratação de especialistas em Governança Corporativa é fundamental para a confecção e execução do processo. Muito além do que um programa de Compliance específico, a governança abarca a sustentabilidade estratégica do empreendimento levando em consideração desde seus valores e propósitos à profissionalização da gestão gerencial.

Não há receita pronta para iniciar um processo de Governança Corporativa, tampouco para implementá-lo. Cada empresa funciona de uma maneira e o processo se adequa às especificidades inerentes a cada tipo de negócio, sobretudo quando esbarramos com a disruptividade inerente às Startups.

Com atuação na área de Governança Corporativa e Compliance, a SSA Advocacia promove a elaboração e implementação de planos de governança em Startups, propondo soluções exclusivas, inovadoras e seguindo as melhores técnicas de boas práticas do mercado, acarretando, dessa maneira, em diversos benefícios de ordem estrutural e financeira ao empreendimento.

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